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“Que merda. Que merda!" A frase tinha se repetido na cabeça do pequeno samoieda a semana inteira. 

Talvez Andrey estivesse mesmo na merda, porque ele estava basicamente stalkeando o dinossauro que ele conheceu na semana anterior. Entre os corredores de uma mercearia, o cãozinho lançava olhares discretos sobre seu “alvo" sem muita ideia do que dizer.

Se ele não tivesse a habilidade social de uma ameba, ele não estaria nessa situação. Afinal, era só ir até o menino e falar o que ele tinha que falar e aceitar a resposta independente de qual fosse. Sabe? Tipo um adulto ou algo assim.

Infelizmente, desde o curto momento que ele conhecera o dino, sentimentos que o canino ainda não entendia completamente complicaram as coisas.

Na sexta anterior, o samoieda tinha entrado naquele mesmo mercado quando o rapaz o aproximou com uma proposta. Sua irmã rebelde tinha saído de casa e Andrey tinha cara de quem pagaria alguma coisa pelos discos que ela deixou para trás.

Ele visitou a casa do garoto no dia seguinte e ficou maravilhado não só com a coleção, mas também com o dino. Aquele moleque, Tyler (que hereticamente não entendia de música), deixou o canino levar os LPs pra casa para testá-los sem medo algum de que Andrey lhe desse calote. 

“Você não tem cara que faria isso," ele dissera; e isso foi o suficiente para que o dinossauro dominasse os pensamentos de Andrey.

 Porém, nada era desculpa para o que o cão fazia naquela ora. Ele já tinha sido pego na sua “espionagem" algumas vezes, mas isso não o impediu de continuar esgueirando naquele mercado.

“Que merda!"

Antes que ele pudesse pará-las, as curtas pernas do samoieda o guiaram até o dinossauro. Ainda sem um plano, ele escondeu incontáveis ansiedades por trás de uma carranca. 

Tyler se ocupava demais com as prateleiras para notar Andrey. Tão distraído, na verdade, que o cachorro chegou a questionar se estava sendo ignorado. Quase não contendo o rubor no focinho branco, o cãozinho soltou uns anrãs para finalmente chamar atenção do rapaz. O dino olhou em volta de si por um tempo antes de achar Andrey, e quando o achou, um sorriso afiado se formou no seu rosto.

— Coé, cãozinho! — disse Tyler, antes de continuar num tom debochado — Que milagre ver o senhor por aqui!

Por um momento todas as emoções complicadas do cachorro se dissolveram num grunhido.

— Cãozinho é o caralho! Toda vez isso!

— Haha, relaxa. Só tirando onda. Na verdade, cara, se eu não te conhecesse melhor diria que você tá me seguindo.

— Hã? — ele não conseguia mais conter a vergonha — É… Não… Olha, esse mercado tem preços bons e você é alto o suficiente pra alcançar a prateleira de cima.

— Sei, sei.

Daí, silêncio. O tipo de quietude onde todos envolvidos sabem muito bem que algo não está sendo dito. Andrey imaginava quão ridículo ele parecia ali parado, mas na verdade, Ty só esperava ouvir o que o cãozinho queria das prateleiras de cima.

Medo não saía da mente dele, cada segundo que passava o samoieda ficava mais consciente da sua posição. Até que enfim seus sentimentos entraram em erupção na forma de um longo suspiro.

— Andrey, cê tá–

— Olha, eu vou tocar num pub meio underground lá pro centro esse sábado, abrir pr'umas bandas maiores e tal. — ele puxou um panfleto do casaco negro e o apontou para o dino — Queria saber… se tu queria ir comigo.

— Ah — o rosto inteiro de Tyler abriu num novo sorriso — que foda.

— Hã… — subitamente o cachorro percebeu que esse papo soava como um pedido de encontro — É que… eu preciso de carona! Isso. Não dá pra levar um baixo no metrô e Ubear pra lá fica caro, entende?

— Anrã. — o rapaz respondeu enquanto pegava o papel da mão de Andrey — Saquei, saquei. — Ty então inspecionou o boletim, até que lançou um sorriso provocante — Sábado é… dia doze?

— É.

— Doze… de junho?

— Sim? Quê que tem?

Os olhos confusos e inquietos do cão pegaram no mais breve relance as prateleiras em volta de Tyler. Foi aí que percebeu um detalhe insignificante: decorações de papel branco, rosa e vermelho em formato de coração em volta dos preços. Subitamente, tudo ficou dolorosamente óbvio; dia doze de junho, Dia dos Namorados.

— GAH! — o samoieda gritou, escondendo seu vexame dos risos do menino — Olha, tanto faz a data, é sábado, ok? Quer ou não?

— Claro, cãozinho–

TYLER! — os alto falantes do mercado vomitaram um vozeirão irado — Para de importunar os clientes e vai repor o arroz! Só você aguenta aquela MERDA!

Depois de uma troca encabulada de risadas, Ty anotou a data e o lugar no celular antes de se despedir.

— A gente combina o resto pelo zap. — disse o dino se afastando do cachorro enquanto acenava — Te vejo dia doze!

Andrey acenou de volta e suspirou o que restava de suas ansiedades. Ele sabia que ainda tinha muito que fazer para entender exatamente o que sentia por Tyler, mas ele saiu daquela loja confiante que o primeiro passo estava bem dado.

* * *

Sábado chegou bem rápido, e os meninos estavam prontos. O show em si começava às nove, mas Andrey precisava chegar lá umas sete, por causa das preparações e tal. Já que nenhum dos dois morava muito perto do centro, marcaram que Ty deveria pegar Andrey em casa às seis e quinze.

— Fala aê! — disse Tyler ao ver Andrey sair dos portões de seu apartamento.

— Tá atrasado. — Andrey respondeu, franzindo a sobrancelha por um instante — Mas, que seja. Não vai atrapalhar, acho.

— Vixe. Ora, me desculpe, magnânimo cãozinho.

— Engraçadão.

Com mais dificuldade do que ele gostaria de admitir, o cachorro subiu no banco de trás e gentilmente posicionou seu amado baixo com todo o carinho do mundo. Depois, ele sentou e fechou a porta, mas quando ia pôr seu cinto de segurança, a cara confusa de Tyler chamou sua atenção.

— Que é? — Andrey disse.

— Não quer ficar no copiloto não? — o dino soltou uma mistura de suspiro e riso — Isso porque você quem me chamou pr'um encontro, pê-quê-pê.

— Argh! — Andrey esperneou de rosto avermelhado — Tanto faz! Isso não é– Quer saber? Tá, tô indo aí.

Em movimentos inquietos, o cachorro saiu daquele lugar perfeitamente confortável, e se posicionou no banco ao lado do dinossauro.

— Pronto! Podemos ir agora?

— Hehe. Claro.

Alguns minutos passaram em silêncio. Nesse intervalo, Andrey conseguiu esfriar a cabeça e pôr os pensamentos em ordem. O rapaz estava lá num favor para um cara aleatório que ele só conhece faz uma semana, e lá estava o cãozinho reclamando sem parar.

— Aí, — o samoieda virou para Tyler contra o sol poente — desculpa por antes. Eu agradeço mesmo pela carona.

— Não, que isso! De boa, cara. De boa. Tô curioso pra ver você tocar, na moral. Nervoso?

Ele ia responder que não, e pular o assunto, mas sua boca acabou se movendo por si mesma. 

— Mano, nem sei mais. Tô até meio desanimado, até.

— Hã? Mas por quê?

— Cara, essa coisa de banda é só miséria. — ele meneou a cabeça olhando pra baixo — A gente só abre pra bandas maiores. E demorou pra caralho pra chegar nesse nível! Sei lá, mano…

— É foda… — Tyler calou-se por um momento, pensando na situação — Mas, tipo, cê vai parar?

Andrey não respondeu de cara, considerando mais uma vez o que dizer ou não dizer. No final, ele viu que já tinha falado mais que devia. Além do mais, o menino ao seu lado falava de uma forma tão amigável…

— Já pensei, na real. Não há muita grana nesse negócio e há vezes que eu quero largar a coisa toda. — o samoieda subiu os olhos para a janela e a cidade que eles atravessavam — Mas, porra… eu adoro tocar, cara. Plateia ou não, nada importa. Eu amo música, e quero tocar.

— Então, acho que tá tudo certo.

— Como assim? — Andrey respondeu virando em direção ao rapaz com força.

— Tipo, se você ama mesmo o quê você tá fazendo, eu acredito que vai dar tudo certo. E não é só papinho pra te animar não! — Ty suspirou — É bom fazer algo que gosta na vida. Às vezes, queria eu ter uma coisa que nem você ou a minha irmã…

— Tyler…

— Mas, vamo falar disso depois! Tá se sentindo melhor agora?

— Heh… — Andrey fez um sorriso, voltando a atenção para a estrada — Tô. Valeu, cara.

— Nada! Mas, eu agradeço também! — ele soltou um risinho — Tô me sentindo mó especial com você falando tanto comigo.

— Hã?

— É que… você tão fechado o tempo todo, mano. Num sei se é coisa de roqueiro, ou o quê, mas seria legal se você se abrisse mais. Sei lá. Eu gosto de conversar contigo, Andrey.

O cachorro virou para o rapaz ao lado dele e encontrou vagos sinais de vergonha. Primeiro, ele o achou muito fofo daquele jeito. Mas a segunda reação veio mais forte, uma felicidade travessa de que pela primeira vez não era ele a pessoa cheia de timidez.

— Ah é? — o samoieda respondeu com um sorriso animado — Então eu tenho mais coisa pra perguntar…

* * *

Já estava escuro quando eles chegaram no tal pub. A noite de sábado tornava-se mais fria com o inverno se aproximando, mas o exército de jovens boêmios que dominavam as ruas do centro combatia o sereno com uma energia bêbada e calorosa.

O pub que Andrey ia tocar estava fechado ainda e com uma fila agitada do lado de fora. Claro, o cãozinho pôde entrar mais cedo pelos bastidores e levou Tyler com ele.

— É Pyc-no-ne-mos-sau-ro. — dizia Ty enquanto entravam pela porta de trás do pub.

— Pica-me-nos-sauro?

— Aí você tá me zoando!

— Haha, tô mesmo. Dava pra ser algo mais fácil, tipo, T-rex?

— Anrã. — ele respondeu de braços cruzados — Se eu sou T-rex, tu é um husky!

Alguns passos a mais e os meninos encontraram com os membros da banda do samoieda. Não surpreendendo Ty, todos os outros músicos vestiam roupas tão punk que eles exalavam uma aura intensa. O cachorro foi à frente comprimentar os colegas enquanto o dino ficou para trás, paralisado. 

Quando percebeu o estado do menino, Andrey voltou.

— Tá parado aí por que? — disse o cachorro — Anda, vô te apresentar pra banda.

O cãozinho pegou a mão do dino, mas quando tentou puxá-lo, os dedos frouxos de Tyler escorregaram de seu aperto. Com uma notável confusão no rosto, Andrey virou para o seu amigo e lá encontrou uma expressão hesitante, decorada com uma emoção que não conseguia ler.

— Tyler?

— É, não, deixa pra depois. — o dino respondeu, de braços cruzados — Eles parecem… intensos.

— Hã? — o rapaz olhou para seus parceiros e de volta para o rapaz, mas ainda tinha algo naquele momento que ele não entendia — Não, não. Eles não mordem, não Ty! É que… 

A expressão não mudava, e parecia que nenhuma palavra faria diferença. Frustração subiu à cara do samoieda por um instante, mas foi aí que ele viu a boca trêmula de seu amigo. Tudo ficou claro. O pub, a banda, a estética toda que os rodeavam, aquele não era o mundo de Tyler. Para alguém que não liga muito de música — quem dirá algo mais esotérico como o nicho deles — aquela situação deve ter sido avassaladora.

Culpa e vexame, então, substituíram a frustração. Andrey rapidamente formulou uma tática para liberar o dino daquele inferno. Ele abriria mão da carona de volta e pediria desculpas, torcendo que eles pudessem continuar amigos.

Ele estava pronto para abrir a boca e executar o plano, mas uma questão surgiu na sua mente. Tyler não gostava tanto de música, não era do rock, poderia estar passando seu Dia dos Namorados fazendo qualquer coisa melhor, então por que ele estava ali? Sem fugir nem protestar, só parado. O dinossauro, apesar de tudo, fazia seu melhor, e já estava mais do que na ora de Andrey fazer o mesmo.

— Quer saber? — o cachorro disse finalmente — Tranquilo! — ele puxou uns papéis do bolso interno do casaco de couro — Aqui. Esses tickets valem umas bebidas lá no bar. Fala pro barista que tu é convidado da banda de abertura. Ele vai arranjar uma mesa pra você.

— Andrey. Pera, não é que–

— Xiu! Se manda logo! A gente tem que organizar uns troços aqui. Vai ser chato pra caralho.

— Heh. — Tyler pegou os papéis da pequena mão do canino — OK, então.

Da preparação, ao rápido ensaio, à chegada da platéia, tudo parecia acontecer em câmera lenta e num instante. Andrey também se encontrava paradoxalmente nervoso e animado, hesitante e afobado. 

Mas tudo mudava quando a luz dos holofotes batia na sua cara e o público vibrava com sua aparição. Problemas com dinheiro, vexame pelo stalking, dificuldade em lidar e entender Tyler, sumiram no momento que ele finalmente se rendia à música.

* * *

Com o fim da segunda música da noite, os membros cumprimentaram os visitantes, e eles retribuíram a banda com aplausos, assobios e gritos animados. 

O samoieda se moveu num raio para coletar suas coisas e encontrar com o dino. Ele mal falou com os membros da banda e logo já estava no meio do pub procurando Tyler; o que foi muito fácil, já que o pycnonemossauro tinha, de longe, o traje mais colorido.

Ainda ofegante, o cãozinho se aproximou da mesa onde seu amigo sentava sozinho terminando uma bebida.

— Então? — o cachorro abriu, com um sorriso — Atendi suas expectativas?

— Ha! Você foi ótimo, Andrey! Na moral, eu senti daqui que tu gosta mesmo dessa coisa toda.

— Isso é bom! — ele tomou uma cadeira ao lado de Tyler antes de cutucá-lo com o ombro — Aí, foi mal te arrastar pra cá. Eu tô tão acostumado com a vibe que não pensei como ia te afetar.

— Relaxa, cãozinho! — disse Tyler entre risinhos — Desculpa eu, por não ter ido falar com a tua banda lá.

— Nem, eles são uns fodidos, num ia dar certo. — Andrey observou o palco se preparando para o show principal e virou de novo para o rapaz — Quer dá o fora daqui? Se o nosso som foi “intenso" pra você, o que vem aí vai te fazer passar mal.

A boca do dinossauro estava prestes a dizer que estava tudo bem ou que se Andrey quisesse ficar, ele podia esperar. Mas tudo mudou quando ele avistou a banda principal tomando o palco.

Sendo um pycnonemossauro, Tyler tinha um parente ou outro que pode se chamar monstruoso, mas aquela visão era diferente. Entre gritos e aplausos, seres cheios de piercings, tatuagens, pelo tingido e vestuário mais afiado que uma loja de facas, tomavam suas posições.

— É, tem razão. — Tyler disse com pressa — Bora logo.

O cãozinho seguiu atrás contendo uma gargalhada.

* * *

Eles passaram os próximos minutos no carro, em direção à casa do samoieda. Com a quantidade de tráfego, eles tiveram bastante tempo para conversar. Nada pesado; nenhum dos dois queria e o cachorro bocejante estava claramente mais cansado do que ele queria admitir.

Entre breves silêncios, um sentimento se tornava cada vez mais nítido para Andrey: ele gostava tanto de passar tempo com Tyler, que não queria que fossem mais só amigos.

Mas, como dizê-lo? Seria um passo e tanto; nem duas semanas antes, eles eram estranhos, depois de uma visita breve eles viraram amigos, e naquele momento… Bem, ele já não conseguia dizer.

Uma hora depois, eles chegaram à casa de Andrey e uma miasma desconfortável tomou conta do carro. Ninguém tinha palavras para dar. Através de rostos ruborizados e tosses embaraçosas, olhavam por toda parte, menos para o outro.

— Bem, — o samoieda finalmente disse — chegou meu ponto.

— Pois é…

E de volta pro silêncio. Um constrangimento doloroso e agradável tomava seus focinhos e os impedia de formar uma frase decente.

— Eu… Hã… — tentou o dino — Eu me diverti hoje, Andrey.

— Heh… Mesmo com aquela intensidade toda?

— Anrã. — o rosto parado de Tyler aqueceu até o limite — Acho que foi mais fácil porque tu tava lá.

O pelo inteiro no do rosto do cãozinho foi de branco para rosa e enfim vermelho num instante.

E depois de mais silêncio desconfortável, os dois decidiram matar a curiosidade e olhar um para o outro; por puro acaso, os dois o fizeram ao mesmo tempo. Um olhar encabulado bateu no outro, e não teve jeito. Os jovens se aproximaram, coordenando os seguintes momentos em puro silêncio e de olhos fechados. Até que finalmente houve contato.

No breve toque, os rapazes sentiram o calor um do outro; completamente diferente de qualquer outra interação entre os dois. O cãozinho descobriu que os lábios do dino eram ásperos, completamente traindo sua personalidade carinhosa. Já Tyler, encontrou doce afeto no focinho do rude samoieda.

O contato não durou muito, aquele selinho satisfazia os dois naquela noite. Quando partiram, olharam no fundo dos olhos um do outro, mais uma vez não sabiam o que dizer, mas agora tinham sorrisos nos rostos.

— Então… — finalmente o cachorro falou — e agora? Um segundo encontro, ou?

O outro rapaz soltou um sorriso.

— Achei que não era um encontro?

Ha. Ha. — respondeu Andrey com desdenho — Você tem sorte de ser fofo, pica-me-nos-sauro.

Tyler deu uma risadinha encabulada, sem certeza do que sentir. Andrey usou esse momento de calma para finalmente saltar do carro. Eles não trocaram uma palavra enquanto o cachorro pegava seu baixo do banco de trás nem quando ele bateu a porta, somente sorriam com orgulho e rubor.

Foi só quando estava no momento de entrar no apartamento que Andrey virou para Tyler de novo.

— Ei, obrigado de novo pela carona. Prometo que vou te passar o valor dos discos logo.

O rosto do dino empalideceu por um breve momento, antes de desabar numa forte gargalhada. O cachorro olhou para a situação com confusão e vergonha.

— Hã? — disse o samoieda — Qual é a graça?

Entre suspiros, o rapaz se acalmou até que pudesse virar para o canino.

— Haha, cara, na moral! — o dino respondeu limpando uma lágrima dos olhos — Só tu pra falar isso num momento desses! Haha! — mais um momento de confusão quieta passou até a risada encerrar — Quer saber, Andrey? Fica com os troços. Sinto que você vai ter outras chances de me pagar. — o dinossauro pontuou a frase com uma piscadela.

O rosto do cachorro se tornou vermelho e quente mais uma vez.

— V–vai se fuder, mano! 

— Haha! Boa noite pra você também… cãozinho.

Nem meio minuto depois, Tyler já tinha acelerado para a esquina. Andrey, sozinho e ruborizado, mas com um sorriso inextinguível, viu as luzes de direção sumirem entre as vias da cidade e suspirou.

— Boa noite, Ty.